Amy Winehouse era uma criatura


Morreu neste sábado, em Londres, aos 27 anos, a cantora inglesa Amy Winehouse. As autoridades londrinas anunciaram que a cantora foi encontrada morta por paramédicos em sua casa, no boêmio bairro de Camden Town.

Evidente que morrer aos 27 anos não é algo normal. E mais triste ainda quando estamos a falar de um talento nato para música. Amy não foi à primeira do meio artístico a morrer em tenra idade e no auge do talento. Há explicação? Prontas, um monte.

A droga corrompe as pessoas, faltou formação moral, não cultivava em si valores saudáveis, padeceu de maus tratos na infância e adolescência, não acreditava em Deus, etc. Tudo lugar-comum, a verdade é que a vida é muito mais complexa que a mera normalidade burguesa.

Os artistas carregam na alma uma sensibilidade aflorada, um impacto diante do mundo que nem todos conseguem dominar. Saber-se diferente e talentoso parece ser algo maravilhoso, mas nem todos sentem assim. Uns, surfam na glória egóica, outros padecem nesta mesma glória. Tem explicação? Se tem, desconheço.

Aliás, cá para nós, na vida temos muito mais mistério do que esclarecimentos. Não é à toa que ao final da eucaristia o padre lê no missal: - este é o mistério da fé! Isso aí mesmo: mistério. A vida é um grande mistério, uns aceitam isto e de forma serena fazem o gesto de genuflexão produtiva, outros não, revoltam-se, gritam, esperneiam, cantam, fazem arte (com trocadilho, por favor). Ambos são criaturas, apenas criaturas diferentes no modo dever e de dialogar com o mundo.

Amy, como nós, foi uma dessas criaturas. Tenhamos misericórdia de Amy Winehouse antes de “atiramos a primeira pedra”, e que Deus ao fim e ao cabo, tenha misericórdia também, de todos nós, criaturas como Amy.

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