FHC - 80 anos


Não gostaria de deixar passar em brancas nuvens o aniversário de 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, FHC, que tanto admiro. O primeiro presidente que efetivamente vi governar depois do desgoverno de Collor, ainda no final da universidade. Mas, na ocasião de Collor, havia votado em Brizola, e Lula, no segundo turno.

Foi com FHC que votei com prazer por duas vezes para ele se tornar presidente e ser reeleito. Sempre gostei do estilo FHC de lidar com as pessoas, gentileza, afetuosidade e inteligência. Vaidade? Muita. Mas, quem não tiver um tanto de vaidade atire a primeira pedra. FHC tem vaidade, e tem até motivo para tê-la, é de fato um homem fino, educado e um intelectual de grande monta. Um enorme brasileiro.

Em maio de 1998, FHC proferiu uma aula magna inaugural na Universidade Sarah (Hospital Sarah Kubitschek) de Ciências da Reabilitação, em Brasília. Na ocasião falou sobre “conhecimento e poder” à luz dos ensinamentos do filósofo Max Weber. Lembro-me que encantado gravei a palestra. Foram mais de 50 minutos de exposição sem uma anotação qualquer e sem qualquer apoio visual. Apenas uma mesa e um microfone, e uma platéia repleta de políticos, profissionais da área de saúde e pacientes do hospital Sarah. Foi inesquecível. Ali, aprendi muito, até mesmo o que de fato é ser um professor de verdade. Raciocínio escorreito, encadeamento de idéias, simpatia cativante e acima de tudo, tranquilidade expositiva. Na mesma pessoa: o político e o pensador, em perfeita harmonia.

Tereza Cruvinel chegou a escrever no GLOBO de 09/04/1998, “Derramando erudição, olhando para dentro de si, o professor Cardoso encantou como em outros tempos”.

Assim é FHC também aos 80 anos, um homem de bem com a vida, simpático, risonho, feliz com as homenagens e grato com a gentileza da presidente Dilma, que soube reconhecer nele e em seu legado uma grande e inestimável contribuição ao país. Nunca o vi em seu governo fugindo de entrevistas ou negando uma palavrinha sequer a repórteres. Tinha e tem o dom da convivência. A crise nunca saiu maior do que chegou ao Palácio do Planalto, em seu governo, porque jamais alimentou conflitos, mas, sim, arrefecia-os com o dom da gentileza.

Pena para o PSDB que mais o escondeu do que mostrou nestes últimos anos. Quem perdeu com a essa atitude? O próprio PSDB. FHC aos 80 anos é um exemplo de juventude, agora está a favor da descriminalização da maconha e ao lado dos mais jovens e libertários, talvez mais um ensinamento dado ao seu PSDB.

Como ex-presidente pensa os grandes temas da globalização, foge da mesquinhez e do jogo baixo de alguns ex-presidentes. FHC com sua postura tem muito ainda a nos ensinar, o professor Cardoso então, este é um Mestre. Felicidades presidente FHC pelos bem vividos 80 anos!

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