Política e enriquecimento


Política e enriquecimento eram para ser palavras antinômicas, mas, em nossa sociedade são palavras sinônimas, pasmem vocês! O caso do Ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, talvez seja sintomático da prática política no Brasil em todos os seus segmentos. O cidadão entra para política (com raras exceções) para se “fazerfinanceiramente. O falecido ex-presidente José Alencar dizia que primeiro ficou rico, depois entrou para política para servir à nação. Um homem, uma exceção.

Pare para pensar e olhe. É incrível que com vencimentos tão modestos – até mesmo para cargos de governador, prefeito, ministro e secretário – a pessoa que “entrou” na política com um patrimônio módico, anos depois está rica. Como pode ocorrer tal mutação patrimonial? Tenham certeza que tal evolução patrimonial não é obra da graça de Deus, mas da “graça” dos homens e de sua sordidez.

O Ministro Palocci, a bola da vez, teve o patrimônio aumentado em 1.995% em quatro anos, mas não diz quem eram os clientes e nem o faturamento da empresa que lhe proporcionou ganhos de R$ 7,4 milhões no período. Gente boa ele, né? Evidente que ele tem o direito de defesa, respeitemos.

No entanto, a imprensa noticia que em 2006, Palocci tinha patrimônio de R$ 375 mil, segundo sua declaração à Justiça Eleitoral. Fundou a empresa de consultoria Projeto com sua mulher. Em 2009, adquiriu um escritório de R$ 882 mil nos Jardins em São Paulo. No final do ano passado, comprou um apartamento de R$ 6,6 milhões nas proximidades. Com patrimônio de R$ 7,8 milhões, o valor dos bens de Palocci teve um salto de 1.995% em quatro anos.

A firma do ministro mudou de ramo em 2010. De consultoria, passou a administrar os dois imóveis na área nobre paulista que, juntos, somam R$ 7,4 milhões. Segundo a nota da Casa Civil, a mudança de ramo aconteceu para evitar conflitos de interesse com a função de ministro do governo de Dilma Rousseff.

Mas a nota do ministro não esclarece quais eram os clientes da Projeto, qual o faturamento da empresa e como Palocci conciliou as atividades de consultoria com o seu mandato de deputado federal, entre 2007 e 2010.

É bom que nós (para fins de voto) e o Ministério Público (fiscal da lei) prestemos mais atenção também nos políticos de nossa região, afinal, os “palocci’s” estão por todos os lados, seria ingênuo pensar que aqui como acolá não existam “palocci’s” cuidando de nosso interesse público.

É bíblico, onde nasce o trigo também cresce o joio! (Mt 13, 24-30)

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