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Mostrando postagens de novembro, 2011

Os pés de Virginia

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Moacir era um namorador irremediável. Pegava todas, e não se apegava em nenhuma. Com algumas até tentava namorar, mas a sua aptidão era “ficar”. Bonito, jovem, sarado, inteligente, meigo e de fácil conversa, Moacir era desejado por todas as mulheres de sua área. Era uma tarde de sábado, Moacir saía de uma quadra de esportes junto de seus colegas de futebol. Vinham batendo papo, rindo às gargalhadas, comentando os gols feitos, perdidos, e os frangos de Xandão, goleirinho ruim que nem só ele. Tudo estava transcorrendo sem maior destaque ou lembrança especial, até que Moacir viu a aproximação de Virginia. Virginia era uma belíssima jovem, de família conceituada em sua cidade, de estatura mediana, lindos cabelos curtos e louros, e o que até então Moacir não notara: pés lindos. Virgínia estava de bicicleta, short curto, pernas torneadas, usava uma havaiana slim alva e as unhas dos maravilhosos pés pintadas com o esmalte cor renda. Eles já se conheciam mas, não se notavam. Virgínia paro...

Prateleira dos sintomas

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O psicanalista alemão Erich Fromm (1900-1980), dizia que, “assim como cada tempo tem seus problemas técnicos e específicos, os problemas humanos também são específicos da cada tempo”. Noutro dizer, o canadense Edward Shorter também autor de uma teoria sobre as interações do sofrimento psíquico com o contexto social, cunhou a expressão: “prateleira dos sintomas”, aplicável a cada época da vida humana. (Cf. No reino da mente americana, Veja, 23/11/11, p. 167. Luana é uma mulher de sua época. Casada com Wallace, formam um belo casal. Luana está estudando para passar numa prova de residência médica no Fundão. Em razão da tensão vivida teve diagnosticada a “síndrome de pânico”, seu médico aconselhou-a a andar com um comprimido de Rivotril sublingual de 0,25 mg em sua bolsa pessoal, para quando dos surtos. Wallace seu esposo, também é um jovem antenado com o presente. Focado nas tecnologias do mundo atual trabalha numa multinacional. Em virtude do grande estresse a que é submetido cotidia...

Flu na Libertadores 2012

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Aquilo que era muito improvável no primeiro semestre ocorreu hoje , o Fluminense ao vencer o Figueirense por irretocáveis 4 x 0, se classificou antecipadamente para Libertadores 2012. Tem se tornado um hábito nas Laranjeiras , ano após ano estamos na Libertadores . Enfim , a normalidade. Esperamos Abel por longos três meses e sofremos muito com isso . Hoje , podemos enterrar de vez o ato “ malfeito ” (Dilma que gosta ) que o Muricy fez conosco . Abel com sua forma amigável de lidar com os jogadores conseguiu costurar uma união perfeita entre os jogadores , que rendem em campo aquilo vivem fora , amizade , muita amizade . Os destaques da temporada ficam para Fred, Deco, Rafael Sóbis e Lanzini, em minha opinião . Fred está sendo sensacional , fez de tudo , comandou o time fora e dentro do campo , e ainda está fazendo jogos e gols maravilhosos . Hoje , fez mais três em Florianópolis. O Fluminense é com sobras o melhor time ...

A árvore da vida

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Assisti ao filme “A árvore da vida” do norte-americano Terrence Malick, ganhador da Palma de Ouro em Cannes, agora em maio. Ou o filme está além do que é possível, ou eu estou aquém do que é necessário. Ou, talvez, ambos. A abertura inicial é linda quando ocorre uma citação do   Livro de Jó , do Antigo Testamento , onde Deus pergunta, "Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? ... Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam?" Uma luz misteriosa e vacilante, que lembra uma chama, emerge. Esta parte é fantástica, por que de cara demonstra o tamanho ínfimo do homem diante de Deus. Aí Malick acertou em cheio. Adoro de paixão o Livro de Jó. Também é adorável, como parte da cena inicial, o momento em que a matriarca da família O'Brien diz que na vida temos que optar em viver pela graça ou pela natureza. Lá, generosidade, compaixão, misericórdia, aqui, egoísmo, desejo incontido, ferocidade. No filme a mãe representa a graça e...

Sexo casual

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Sobre o conceito de liberdade muitas correntes filosóficas se manifestam. Liberdade como direito de fazer tudo que se quer desde que não fira o direito do outro, liberdade como maximização da felicidade em contrapartida com a dor, enfim, liberdade é sempre um tema recorrente e atual. Kant no século XVIII, secundado por Alceu Amoroso Lima no Século XXI, dizia que liberdade é fazer o que se deve. Mas o que se deve fazer? Tratar a todos como seres humanos que são um fim em si mesmo, jamais um meio. Evidente que isto é um princípio moral, portanto, não empírico, não sensível, mas racional ou categórico na linguagem kantiana. O tesão é amoral, porque puro desejo. O desejo não reconhece a lei, senão a lei do desejo. O homem é um animal racional já o disse Aristóteles. Animal, quer dizer, fome, vontade, desejo, paixão, pura biologia. Todavia, também o é razão. É a razão que diz para o homem que ele é um sujeito que tem dignidade por si só. A razão não é uma lei externa ao homem, é uma lei...

"O conto do amor"

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Fui a Juiz de Fora com Nasta. Primeiro fui fazer coleta de sangue e após, ela foi ao comércio e eu procurei reencontrar a livraria Liberdade na Rua Santa Rita. Tinha um tempão que não ia à livraria que muito frequentei quando era sócio de um escritório de advocacia. Quantas e quantas vezes abandonei minha sala, passei a mão em meu casado e fugi para livraria Liberdade em Juiz de fora. Foi bom revê-la. Está mais modernizada mais continua assim, pequenina como sempre. Olhei a estantes e lembrei-me que estava com desejo de ler alguma coisa escrita por Contardo Calligaris, psicanalista e colunista da Folha . Pedi ao atendente que fizesse uma pesquisa no micro e apareceram dois livros de Contardo, “Adolescência” e “O conto do amor”. Passei os olhos, li a orelha e fiquei com o segundo. Voltei para o estacionamento, abri os vidros do carro e fui ler “O conto do amor”. Tenho tido grandes alegrias na leitura de romance, dia desses li Cristóvão Tezza, “O filho eterno” e agora li em apenas vin...

O suporte da duchinha

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Astolfo nunca cultivou o seu lado que diz respeito às tarefas manuais . Desde cedo incutiu em si mesmo a idéia de que a vida deveria ser resolvida a partir da inteligência . Sempre foi muito cerebral. De maneira que para ele os afazeres manuais eram atributos daqueles desprovidos de uma inteligência apurada. Arrogante, não, inocente. Criou este modelinho para sua vida e assim viveu por muitos anos , até que um dia ... O saber em excesso envenena já o dizia Platão. Com isto ele não contava. Uma vida toda aparelhada a partir do saber ruiu nele e da noite para o dia . O desejo é amoral já o dizem os psicanalistas . Viu-se assim do nada , envenenado pelo saber . Desfez-se de centenas de livros e foi assim repensar o seu cotidiano . Desviou o olhar dos livros para realidade em si mesma . Tomou gosto pelo simples cotidiano. Numa dessas estava na varanda da piscina de sua casa, aguardando sua esposa que estava trabalhando, quando fo...

O palhaço

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Ontem foi feriado de Finados, celebração da vida eterna. Uns foram ao cemitério. Outros foram ao shopping. Uns, nem em um nem em outro. Alguns foram ao cemitério e ao shopping. Nós fomos ao shopping. Estar há 55 km do shopping Independência em Juiz de Fora é um privilégio para os trirrienses. Quando o shopping nasceu há não muito tempo eu pensava que não ia dar certo, muito grande – dizia com os meus botões. Logística nunca foi o meu forte. O shopping é um sucesso de público. Para você ter uma idéia – falo da minha praia – a livraria Saraiva está no shopping desde a inauguração, porém, começou não grandiosa, quantidade razoável de livros, DVD, cd, blu-ray, artigos de informática etc. Já cheguei a procurar alguns livros, até mesmo lançamentos, e não os encontrava na livraria. Hoje não, juntamente com o crescimento do shopping houve também o crescimento da Saraiva. A livraria está bombando. Procurei ontem um livro recente do ministro do STF, Carlos Ayres Britto, que trata do “O humani...

Dia de Finados

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Deixo aqui o registro de D. Henrique Soares da Costa, Bispo de Aracaju-SE, ou seja, uma breve reflexão sobre a morte neste Dia de Finados, ao mesmo tempo em que rendo minhas orações aos parentes e amigos já falecidos, que Deus nos abençoe. Cito: " É necessário deixar bem claro que a morte não é um mal absoluto, total: se fosse assim, o Filho de Deus não teria morrido! Ao contrário, Cristo não somente morreu como fez de sua morte um ato de amor: “O Pai me ama porque dou minha vida para de novo a retomar. Ninguém a tira de mim. Sou eu mesmo que a dou. Tenho o poder de dá-la e o poder de retomá-la. Esta é a ordem que recebi do meu Pai” (Jo 10,17s). “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13). Se, por um lado, Cristo morreu da nossa morte, isto é, com a angústia que lhe é própria enquanto algo que nos é imposto, algo que não desejamos e não escolhemos, por outro lado, transformou isto em abandono confiante no Deus vivo, esperança de ressurreição ...