A Noviça Rebelde em Areal
Areal teve duas merecidas noites de gala, no sábado e domingo agora. A Escola de Dança Nasta Abdu apresentou seu Festival de Dança com o musical “A Noviça Rebelde” e na segunda parte, “Em cores”.
Quem chegava à Associação Atlética Arealense via passar no telão um material publicitário que comovia a todos: eram as imagens das chuvas de janeiro de 2011. O que se via era um Areal quase que devastado, inclusive o clube onde se realizava o espetáculo. O que lentamente começa a melhorar conforme o próprio telão mostrou em imagens de “antes” e “depois”. Nenhum município sai de uma catástrofe como esta em tão pouco tempo.
Por outro lado, o que se via no palco era uma Escola renovada, incrivelmente renovada. A impressão que fica para quem esteve nestas maravilhosas apresentações do Balé arealense, é que as chuvas e a tragédia mexeram com os brios da direção da escola e de suas encantáveis bailarinas. A Escola se propôs apresentar o espetáculo Noviça Rebelde no I Ato do espetáculo, e “Em cores” no II Ato. Cumpriu sua missão com louvor!
Era visível nos olhares das pessoas a emoção e o lacrimejar dos olhos. Foi como se Areal estivesse renascendo no palco arealense através dos gestos cadenciados, delicados e sublimes daquele exímio corpo de baile. Areal sentiu-se de alma lavada, ao ver sua cultura refutando com especial brilhantismo a tragédia de janeiro. É incrível como em menos de um ano do acontecido, o município através da Escola de Dança Nasta Abdu conseguiu apresentar um espetáculo com tanta beleza e precisão de gestos, cenografia, música, iluminação e o que é mais destacável: garra, muita garra no palco.
Foi a noite da antropofagia arealense, a Escola devorou o fantasma das chuvas de janeiro e fez da tragédia um oásis de graça e beleza.
São vinte e oito (28) anos de apresentações magníficas na A.A.A, porém, a deste ano entrará para a história como a mais marcante, sobretudo pelas imagens contidas naquele telão. Quem viu o telão e ao mesmo tempo assistiu ao espetáculo, não pode deixar de se emocionar com a capacidade do ser humano de tirar do mal o bem. Que noite, que noite feliz!
Tecnicamente o espetáculo cuja direção geral é de Nasta Abdu foi preciso e rigoroso, como sói acontecer em tudo que Nasta se propõe a fazer. Falo de cátedra. Daniele Macedo e suas coreografias que sempre nos emocionam, estava também como de hábito, irretocável e soberana no comando de um público extasiado, Daniele fez o papel da “Madre Superiora” no I ato e dançou e comandou de forma sublime o II ato.
Merece também destaque na noite a participação especial de Sarah Abdu, que fazendo às vezes da “Noviça Rebelde – Maria Rainer” deu em verdadeiro show: cantou, dançou, regeu, andou de bicicleta no palco, enfim, tudo com um belíssimo sorriso no rosto e uma beleza facial contagiante. Tal mãe, tal filha.O corpo de baile afinado plainou na noite arealense.
A segunda parte do espetáculo denominada “Em cores” também foi acompanhada com rara atenção pelo público que lotou a A.A.A nas duas noites – passaram mais de mil pessoas pelo clube. O final da segunda parte com a música “Alegria” e com as bailarinas descendo do palco e se dirigindo ao público, ao mesmo tempo em que se acendiam as luzes do clube, foi apoteótico.
Em duas noites Areal exorcizou a tristeza de um ano todo. Assim como no antigo teatro Grego saímos com a alma leve da A.A.A. A beleza da arte da dança domou o mundo hostil das águas desenfreadas de janeiro. Vida longa a Escola de Dança Nasta Abdu, que ela possa ser sempre esta fonte de renovação, esperança e sonhos para o povo arealense. Quem foi a A.A.A e viu sabe que tudo que eu aqui disser não dá a dimensão exata do que foram estas duas noites de encantamento arealense. Na reconstrução da tragédias das águas, a Dança fez sua parte em Areal.
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