UFC in Rio



Não tenho lembranças de episódios de briga corporal em minha vida. Sempre fui um adolescente calmo, até mesmo cagão, evitava ao máximo me envolver em confusões físicas. Sempre articulei muito e briguei nada. Vi muitos de meus amigos saírem na porrada a troco de nada, perseguições bobas, disputas sem sentido, e tome porradaria, porém, passei incólume por esta fase.

Em duas oportunidades, eu cheguei a pensar que ia entrar na porrada, foi no Colégio Estadual Mariano Procópio em Areal, todavia, nestas ocasiões para minha felicidade, meu irmão mais velho estava por perto – Marco “minotauro” – e desferiu golpes mortais contra os dois desafetos, em ambas as situações. Meu irmão não era brigão, porém, não temia um confronto físico, ao contrário de mim. Eu sempre tive pavor a entreveros físicos. Não procurava briga, e mesmo sem procurar quando as encontrava, saía de fininho.

Também convenhamos, nunca tive porte para tanto. De maneira             que esportes que envolvem violência gratuita nunca foram e não são o meu forte em apreciar. Entretanto, neste final de semana sucumbi ao marketing promocional e fui assistir ontem o UFC Rio com todas as feras do momento. Isadora minha filha adora.

Assisti cinco lutas. Luiz “Banha” Cane x Stanislav Nekdov; Edson Barbosa x Ross Pearson; Rodrigo Minotauro x Brendam Schaub; Maurício “Shogun” Rua x Forrest Griffin e Anderson Silva x Yuschin Okami. Estou até agora com gosto de sangue na boca. Evoluímos. Na Roma antiga as lutas eram mais parciais, os gladiadores geralmente estavam a favor do poder e mais preparados que seus desafetos. Hoje em dia, no mundo do politicamente correto, as lutas pressupõem igualdade, árbitros, médicos, e até mesmo certa “fraternidade” entre os “gladiadores”, antes e depois do show de pancadaria.

No entanto, durante o combate a selvageria continua enorme. Não sei por que dá gosto de ver um ser humano trucidando o outro, talvez porque a nossa parte animal seja mais forte que a parte racional. Cultivemos então o racional. Confesso que adorei ver o Minotauro destruir o Brendam Schaub e também cheguei a vibrar quando vi o Anderson Silva aniquilar Yushin Okami. Ao final dos combates cheguei até a lamentar pela adolescência tão pacata que vivi. Bobão.

Quanto tudo acabou era tarde e eu queria ver se conseguia ir à missa das 7h da manhã de domingo, em Paraíba do Sul. Coloquei meu celular para despertar às 6h da manhã. No entanto, para minha surpresa tive durante o conturbado sono, pesadelos terríveis: corri à noite toda dentro daquele octógono fugindo dos golpes desferidos pelos gladiadores do UFC, o interessante, é que os meus inimigos eram mais terríveis que os inimigos enfrentados pelos brasileiros, enfim, tive que lutar muito para sair incólume do octógono...  Quando o celular despertou às 6h da manhã eu estava suado e no meio de uma luta e um round decisivo... tive que adiar a ida à missa das 7h. Terminei a luta e fui à missa das 9h...

Esta minha primeira experiência no terreno belicoso da vida não me foi muito fácil.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Poema esquisito - Adélia Prado

O homem em oração - Bento XVI