Meu primeiro emprego: Juiz de Direito
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foto ilustrativa |
Participei esta semana do “VII Fórum Brasileiro de Controle da Administração Pública ”, no Rio Othon Palace no Rio de Janeiro . Excelente evento , como tudo que é organizado pela Fórum Editora de BH. Destaco para você caro leitor , a palestra do Desembargador Jessé Torres Júnior do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro . O conhecido escritor , magistrado e palestrante tratou do tema , “O Controle jurisdicional da administração ”. Com seu humor e inteligência fina , o Desembargador Jessé trouxe à tona questões que também me preocupam como professor e operador do Direito , qual seja, a inexperiência no exercício do mister público de julgar .
Desta forma , tem-se juiz com até 24 ou 25 anos de idade . Segundo o Desembargador Jessé Torres , ─ alguém vai pagar esta conta . Porquanto um magistrado com tão pouca experiência de vida vai julgar questões que sequer tem maturidade para apreciá-las. O cargo de juiz é o seu primeiro emprego , e muitas das vezes moram com os pais e até então , sequer pagavam suas contas . O Desembargador Jessé não falou em tom de crítica , mas tão-somente fez uma constatação da complexidade do mundo pó s-moderno.
Disse Jessé: ─ Um juiz que tem na magistratura seu primeiro emprego e que sequer cuida de si e de suas contas , vai passar a cuidar do problema dos outros , efetivamente , é uma situação preocupante ─ afirmou o Desembargador Jessé Torres . O mais assustador é que conforme salientado pelo Desembargador , falta ao administrador público de hoje esta visão ─ o prefeito , o governador , o secretário , o vereador vão ser investigados por um jovem policial , denunciados por um jovem promotor e julgados por um jovem juiz . É preciso que os administradores tenham noção dos riscos e ajam com prudência já que seus patrimônios e vida estão à mercê da análise jurídica desta juventude julgadora, ainda que talentosa ─ acentuou o Desembargador carioca .
O Desembargador Jessé não propôs alternativas a esta constatação óbvia da inexperiência evidente de muitos dos magistrados e magistradas dos dias atuais , disse até em tom carinhoso e fraterno que talvez este seja um traço marcante de nossa sociedade hodierna , a convivência harmônica e plural entre o jovem e o idoso . Ao final da maravilhosa palestra lembrei-me do memorável jornalista e escritor Nélson Rodrigues que fora provocado numa entrevista a dar um conselho aos jovens , e o disse com aquela voz rouca e em tom grave : “Envelheçam!”.
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