Sobre a violência


O trágico episódio ocorrido ontem na Escola Pública de Realengo no Rio de Janeiro é de complexa explicação, se é possível explicá-lo. No entanto, podemos ainda que rapidamente falar um pouco da violência que está entranhada na sociedade atual.

O mundo sempre conteve em si a violência, desde os homens das cavernas, passando pela idade média, renascentismo, absolutismo e iluminismo, a violência sempre esteve ali onde o homem está. O mundo atual só é mais consciente disto, até porque os fenômenos da violência hoje pelo menos são nomeáveis, exemplo, bullying, homofobia, xenofobia, preconceito racial etc.

Os estádios de futebol pelo mundo afora estão sempre apontando episódios de racismo contra os jogadores de pele escura. No vôlei semana passada o jogador Michel foi agredido em peso por uma torcida enfurecida que gritava: “bicha, bicha!”.

Nos colégios a medicina evoluiu e detectou as dificuldades de aprendizagem, exemplo, TDA (transtorno de déficit de atenção), TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), DISLEXIA (dificuldade na leitura e interpretação de textos), porém, os professores ainda não evoluíram a tanto, e cometem verdadeiras barbaridades no trato com os alunos portadores destas dificuldades, gerando uma absurda violência contra eles. Quem não conhece a violência destes professores, não passam de “bois estourados”.

Enfim, a violência está ali, está aqui, está em meio de nós. E a competição desenfreada pelo êxito a todo custo na carreira profissional? Quem está livre disto. Na sociedade atual o lema é “vencer ou vencer”, não há lugar para os medianos, para os mansos e humildes, só o vitorioso tem um lugar no pódio da soberba. Com isto o que geramos? Violência, violência competitiva, e quase nenhuma solidariedade. Somos formadores de “boi estourados”.

Nosso Senhor Jesus Cristo no Sermão da Montanha, que  pode considerado um ponto sublime de seus ensinamentos diz: “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos Céus! Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados! Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra! (...) Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!” (MT 5 1-12)

Evidente que a nossa sociedade não prima pela humildade, pela mansidão e pelo pacifismo, pelo contrário, o estímulo é sempre em favor da violência: seja forte, seja um guerreiro, se imponha não leve desaforo para casa. Cultivamos a violência e ficamos assustados quando ela entra em nossa casa, seja ao vivo ou pela TV. Ninguém, por lógico, quer um “boi estourado” na sala.

Nas ruas os relacionamentos são tensos, quem já não ouviu aquela buzinada nos ouvidos quando o sinal de trânsito ficou verde 1 segundo atrás e você não arrancou com o seu carro? Seu pamonha, aprenda a dirigir! Vivemos em estado permanente de tensão e stress, logo, na iminência de praticarmos ou sofrermos uma violência somos verdadeiros “boi estourados” soltos pela vida.
Dia desses recebi uma notícia que me causou um profundo dissabor, fiquei irado, fui me arrumar para sair de casa e enfrentar o ocorrido, quando estava me arrumando, meio que transtornado, olhei-me no espelho e apavorado vi o que nele refletia: um boi estourado. Deus tenha misericórdia de nós!

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