Genitálias excitadas


Eh, pois é a expressão acima não é minha, é do psicólogo Sócrates Nolasco que diz: “Hoje, se faz sexo sem culpa e com bastante facilidade, mas parece que não tem sido suficiente. Sexo fast food ou delivery viraram mercadorias consumidas por pessoas-objetos. E quando as pessoas se tornam objetos, nada dará certo mesmo. Tentar um retorno ao tradicional pode ser um recurso para saber se somos mais do que genitálias excitadas. Se o encontro não vale à pena, o sexo pode valer, mas tem data de validade”.

Esta passagem de Sócrates Nolasco foi extraída da matéria: “Namoro santo – relacionamentos fracassados levam mulheres, e homens a adiar o sexo para depois”, (Bety Orsini, O Globo, 19/03/2011, p. 2, Caderno Ela). Há no ar e no coração das pessoas um sentimento geral de que o sexo pelo sexo não segura mais qualquer relacionamento, enfim, fazer sexo não é suficiente.

Neste sentido é o que diz Rosangela Maria, citada na reportagem: “Fui mulher de muitos parceiros, mas parei. Não sou religiosa, mas tenho amigas que são, e sinto que elas ficaram muito mais felizes depois que decidiram guardar seu corpo para alguém que tenha amor de verdade”.

Quiçá não seja a hora de repensarmos os nossos relacionamentos à luz das características do amor a Deus, a saber: perenidade (deve ser um compromisso eterno), exclusividade (não amaremos outra pessoa como amamos a Deus, isto é, com todo o nosso coração, toda a alma e toda a mente); publicidade (deveremos dar testemunho desse amor aos outros); fecundidade (deverá dar fruto pela nossa participação na vida de Deus, na vida da graça). (Cf. “O namoro cristão em um mundo supersexualizado” Thomas G. Morrow, São Paulo: Quadrante, 2011, p. 35/36).

Pensemos em namoro e casamento. Poder haver sem perenidade? Não. Pode haver sem exclusividade? Não. Pode haver sem publicidade? Não. Pode haver sem fecundidade? Não. Por evidente, que no namoro o casal (homem e mulher, diga-se de passagem) ainda está se conhecendo na amizade, e a maior fecundidade deste período é a beleza da amizade que se inicia. Todo casamento feliz é fruto primeiro de uma grande amizade, sem amizade, sem casamento feliz. Sexo não segura nem namoro e nem casamento, porque sexo pelo sexo não gera necessariamente amizade, apenas “genitálias excitadas”.

Portanto, é sobranceiro que a intimidade sexual entre os parceiros está atrelada a estas quatro (4) características do amor, o prazer sexual descontextualizado destas características amorosas nos torna de fato, “genitálias excitadas”, mais nada além do que isso. E cá entre nós, é muito pouco né.

Não é à toa o que diz Sherry Argov - autora do best-seller “Por que os homens amam as mulheres poderosas”- a dificuldade valoriza o produto, “Quanto tempo você deve esperar antes de transar?” Diz ela: “o máximo que puder”, recomenda a escritora americana.

Eh, pois é, repensemos nossas genitálias excitadas, e lembremos esta passagem de Santo Agostinho quando Deus tocou o seu coração e o fez dizer: “Tarde te amei, formosura tão antiga e tão nova, tarde te amei! Acontece que tu estavas dentro de mim e eu fora. Andava à tua procura por fora e, como um monstro de fealdade, lançava-me sobre a beleza de tuas criaturas” (Thomas, op. cit. p. 51/52)

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