Foi com Maquiavel no século XVI que o homem pela primeira vez deixou de se pensar “como ele deveria ser”, para pensar-se como “ele é”. Isto é, Maquiavel falsamente “eliminou” a tensão que o homem vive entre o seu ser e o seu dever-ser. Explicando mais. A partir da Renascença o ser humano “maquiavelicamente” abriu mão de pensar a partir de valores para pensar a partir da realidade nua e crua, tipo assim, o ser humano é ruim e assim é a realidade. Quem quer “ganhar” tem que agir assim e assado. Antes de Maquiavel pensávamos assim: o ser humano ainda que seja ruim não deve ser assim, deve ser bom. Tínhamos meta, horizonte, valores!
Desde Aristóteles sempre tivemos um modelo de ser humano a ser atingido, um dever ser a ser alcançado, o que certamente nos engrandecia. Nosso Senhor Jesus Cristo é o modelo mais perfeito que existe, “e o Verbo se fez carne” está lá no Evangelho de João. Há não muito tempo o inesquecível jusfilósofo brasileiro, Miguel Reale, verberava: “O ser humano é o único ser cujo ser é o seu dever-ser”.
Entretanto, descaradamente vê-se na mídia uma campanha para que passemos a agir sem fins valorosos, tudo perde o sentido e tudo descamba para canalhice. O errado virou “certo”. A exceção virou regra! Isto é que apregoa a TV de agora. O mundo da TV atual no que tange às novelas – pelo menos - é o mundo da parvonice, da descrença total no ser humano, um mundo maquiavélico, no pior sentido do termo!
Tudo é do contra. Família não é mais família. Casal não é mais um homem em união matrimonial com uma mulher. Namorado não tem mais namorada, mas sim, namorado. O bem sempre perde para o mal. O honesto é otário. O desonesto rico. A vida normal não nos é mais mostrada nas novelas, o que nos mostram é a vida deturpada e deformada dos “novelistas maquiavélicos” que desejam implantar a sociedade do mal. É a teoria do quanto pior melhor!
Em suas defesas eles - novelistas - alegam que apenas retratam a realidade. Estão rotundamente enganados. Eles criam sim, uma falsa realidade. A vocação do homem é para grandeza, para o sublime, para o belo, para o amoroso. É assim que devemos nos retratar, nos construir, nos fazer, o homem se faz a partir de valores, quando elimino os valores (bem, justo, família, honestidade, solidariedade) das novelas elimino a própria possibilidade de construir o homem do século XXI.
Todavia, em sentido contrário. Caso os valores cristãos fossem representados em alguma novela, por uma única família que fosse o cenário seria outro. Porquanto veríamos em nossas novelas que para o homem dessa família, sua esposa é a única mulher na sua vida ou, desde a outra perspectiva, o seu esposo é o único homem na sua vida; os filhos, frutos do amor generoso de ambos, serão vistos como pessoas que merecem cuidado, educação, carinho, correção; os pais serão sempre o ponto de referência e não supostos amiguinhos da escola ou da faculdade. Os filhos serão respeitados e educados tendo em conta aquilo que eles são varões ou mulheres, e em atenção aos seus dotes pessoais. Alguns terão maiores capacidades intelectuais, esses farão uma faculdade e talvez serão doutores; outros terão maiores capacidades manuais e não serão muito dados aos livros… Não haverá problema! A sociedade que necessita dos professores universitários necessita igualmente de eletricistas, donas de casa, operários em geral, médicos, agricultores etc.
Enfim, faltam as nossas novelas um ideal do que seja o fim, o alvo, a mira de um ser humano na face da terra. Na verdade, as novelas atuais são um entretenimento que só fazem destruir os nossos já frágeis valores morais. Equivocam-se os nossos novelistas, mostrar as trevas porque vivemos nas trevas não é lançar luzes, é sim fazer mais escuro na escuridão.
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