Areal: o que fazer?

Passados 20 (vinte) dias da tragédia que colheu o povo arealense é preciso repensar o que fazer neste momento. Efetivamente, não é mais fase de se pedir roupas para os desabrigados, os colégios estão totalmente abarrotados de roupas em seus pátios e quadras, penso até que será difícil distribuir tantas e tantas roupas, não é mais necessário roupas.

Tenho para mim que a questão agora é muito mais de inteligência, de logística, de planejamento de ações do que assistência puramente material. Por exemplo, é hora de resgatar a auto-estima do povo arealense, com assistência em saúde mental, clínica e outras variáveis.

A hora de pura assistência material já passou, é preciso agora a conscientização e, sobretudo a prevenção para os casos de contaminação por doenças transmissíveis por todas as formas. Também é preciso que sejam disciplinados os envolvimentos sociais nos abrigos, tais como: bebedeiras em excesso, sexo promíscuo, desavenças e até mesmo furtos que são passíveis de ocorrer e estão ocorrendo.

É preciso também que não só nos abrigos dos desalojados, mas também para a sociedade como um todo atingida, sejam feitas campanhas de imunização (vacina) em massa e também seja trabalhada a  melhora dos hábitos de higiene, por exemplo: ganharam-se muitas e muitas escovas de dente... Mas como utilizá-las adequadamente? Para que serve a água que me foi doada... Enfim, perguntas como estas pululam na cabeça de tantos e tantos desabrigados.

Esta fase pós-tragédia requer uma atuação conjunta da Secretaria de Assistência Social, Educação e Saúde. Certamente, não é hora da secretaria de saúde manter toda sua equipe em atendimentos regulares, evidente que não, a prioridade agora deve ser a acolhida e a recuperação dos atingidos, neste sentido a ESF (Estratégia da Saúde e Família) deve estar voltada para este foco, incentivando alimentação saudável, aleitamento materno e tantos outros. Não se pode ficar atuando na gestão administrativa como se tudo estivesse na normalidade, e muito menos distribuir medicamente aleatoriamente, sem qualquer estratégia.

É preciso que saiamos do assistencialismo pelo assistencialismo, e abramos novas perspectivas para as vítimas da enchente, ou seja, mostrar a eles que o caminho é RECONSTRUIR e não tão-somente ficar a aguardar a assistência governamental.

Curiosamente, e para encerrar, em Areal se aplica aquele ditado popular, “casa de ferreiro, espeto de pau”, o Senhor Secretário de Saúde é o atual presidente do COSEMS (Conselho de Secretários de Saúde dos Municípios do Estado do Rio de Janeiro), porém, por motivos de saúde está afastado. Em seu lugar foi nomeada uma servidora que não está sabidamente à altura do cargo. Resultado: a saúde não funciona em Areal. Está acéfala. O que pode a população esperar de uma secretaria de saúde acéfala? Nada.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Poema esquisito - Adélia Prado

O homem em oração - Bento XVI