Comunismo x ditadura no Brasil


Após ver algumas críticas favoráveis, comprei o livro “Guia politicamente incorreto da história do Brasil”, do autor Leandro Narloch. Interessantíssima a visão exposta no livro, concordo plenamente com a observação feita pelo filósofo Luiz Felipe Pondé sobre a obra: “um ótimo livro e fácil de ler. Uma singular heresia perdida em meio ao mar de unanimidades”.

O livro com extremo rigor científico (é politicamente correto a gente falar assim, hoje se você não falar em nome da ciência, ninguém se impressiona, então, vá lá) oferece um olhar nada correto sobre vários ícones da história brasileira, a saber, índios, negros, escritores, samba, Guerra do Paraguai, Aleijadinho, Acre, Santos Dumont, Império, e por fim, os comunistas.

Adorei o capítulo que fala, e mal dos comunistas.

É bom ler o outro lado da moeda, já que a maioria de nossos livros só tendem a criticar o movimento revolucionário de 1964, o autor na linha do “politicamente incorreto” mostra por A + B que a história não se passou bem assim. Diz Leandro Narloch; “É muito repetida a idéia de que os grupos de esquerda decidiram partir para a luta armada porque essa era a única resposta possível à rigidez da ditadura. Na verdade, antes de os militares derrubarem o presidente João Goulart, já havia guerrilheiros planejando ações e se preparando para elas.” (p.314).

Escudando-se no historiador Marco Antonio Villa, cita Leandro, “Ou seja, a opção pela luta armada, o desprezo pela luta política e pela participação no sistema político e simpatia pelo foquismo guevarista (idéia de que pequenos focos de resistência no campo desestabilizariam o poder central) antecedem o AI-5 (dezembro de 1968), quando, de fato, houve o fechamento do regime. O terrorismo desses pequenos grupos deu munição (sem trocadilho) para o terrorismo de Estado e acabou usado pela extrema-direita como pretexto para justificar o injustificável: a barbárie repressiva [...] (p. 321).

Leandro também lembra forte em Elio Gaspari que o desejo da esquerda brasileira na ocasião era implantar uma ditadura socialista aos moldes da cubana, de Fidel Castro, até hoje paparicado pela esquerda brasileira, Diz Gaspari, “a luta armada fracassou porque o objetivo final das organizações que a promoveram era transformar o Brasil numa ditadura, talvez socialista, certamente revolucionária. Seu projeto não passava pelo restabelecimento das liberdades democráticas”. (p. 322).

Enfatiza Leandro, “Basta olhar para os países comunistas de hoje para perceber o que os heróis da luta armada fariam com a gente. Os cubanos não só se prostituem para comprar sabonetes como aprendem na escola que amor é o que Fidel Castro sente pelo povo. A China vigia a internet, prende blogueiros indesejáveis e censura até mesmo informações de saúde pública, sobre epidemias e infecções em massa. Como não houve socialismo no Brasil (graças a Deus digo eu), nunca saberemos como teria sido o sistema por aqui. Mas podemos imaginar. (p. 323/324) (o parêntese no texto é meu).

Falando sobre as organizações guerrilheiras que se instalaram contra o regime militar aqui no Brasil, pontua Leandro, “Nas pequenas organizações de conspiradores e guerrilheiros dos anos 1960 e 1970, é fácil perceber o controle extremo da conduta individual, a violência baseada na superioridade moral e obsessão com a traição – a mesma que fez Stálin executar companheiros próximos”. (p. 330)

Enfim, Leandro Narloch não nega tenha os militares brasileiros torturados pelo menos 2 mil pessoas com choques, empalações, palmatórias nos seios das prisioneiras, entre outras selvagerias (...), porém, traz à tona com farta fundamentação que os guerrilheiros comunistas (que queriam já derrubar o governo de João Goulart, anterior a ditadura) estavam “estupidamente errados e eram tão violentos e autoritários quanto os militares”. Para Leandro, “1. A guerrilha provocou o endurecimento do regime militar”.

Em minha opinião, só por esse capítulo, “Os comunistas”, o livro já merece ser lido.

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