A vida de Stanislaw
O famoso  cineasta  foi impiedoso  ao retratar  a tragédia  na vida  de Stanislaw, porém, estrategicamente o filme termina sem esclarecer os sentimentos de Stanislaw frente a tudo que aconteceu em sua vida. Citada tarefa ficou para quem assistiu ao filme. Foi a partir desta encruzilhada bem urdida pelo cineasta que Pablo e Leandro saíram do cinema a conversar sobre a mensagem do filme. Resolveram então tomar  uma cervejinha para  juntos  relaxarem, e poderem então  absorver  o que  tinham acabado  de ver  na grande  tela .
Pablo cético , falava do acaso  da vida . Leandro crente comentava sobre  os desígnios  de Deus . 
Pablo indaga: ─ Como  você  pode falar  em  Deus , Leandro, depois  de ver  toda  a família  de Stanislaw dizimada pelo  império  do mal , onde  estava Deus ? 
Leandro responde: ─ você  tem razão , Pablo, porém , a fé  não  é uma questão  limitada à razão , a fé  é mais , a fé  é uma adesão , neste sentido  a sobrevivência  de Stanislaw e a morte  de seus  parentes  é um  mistério  para  o qual  não  temos explicação , no entanto , creio que  mesmo  assim  Deus  está lá , ainda  que  em  forma  de cruz . É preciso ler o Livro de Jó no Antigo Testamento e a Carta Apostólica “Salvifici Doloris” do Santo Padre João Paulo II.
− Me poupe – diz Pablo.
Eh continua Pablo, ─ realmente , a fé  exige algo  que  eu  não  tenho condição  de ofertar , ou  seja, uma adesão  cega  e irracional , penso  que  Stanislaw sobreviveu por  puro  acaso , acaso , entendeu Leandro!
─ Claro  que  entendi seu  ponto  de vista , Pablo, porém , me  recuso a aceitar  o acaso  como  guia  de nossa  existência , Deus  é criador  e onipotente , ainda  que  esta onipotência às vezes  se esconda na cruz  de nossa  existência . A fé  exige um  salto , e de fato , nem  todos  conseguem saltar  em  direção  ao mistério .
− Pablo espera  um  pouco , vou ler  para  você  o Evangelho  de Lucas 7, 11-17, diz Leandro: 
─ “Naquele tempo , Jesus dirigiu-se a uma cidade  chamada  Naim. Com  ele  iam seus  discípulos  e uma grande  multidão . Quando  chegou à porta  da cidade , eis  que  levavam um  defunto , filho  único ; e sua  mãe  era  viúva . Grande  multidão  da cidade  a acompanhava. Ao vê-la, o Senhor  sentiu compaixão  para  com  ela  e lhe  disse: “Não  chores!”. Aproximou-se, tocou o caixão , e os que  o carregavam pararam. Então , Jesus disse: “Jovem , eu  te  ordeno, levanta-te!”. O que  estava morto  sentou-se e começou a falar . E Jesus o entregou à sua  mãe . Todos  ficaram com  muito  medo  e glorificaram a Deus , dizendo: “Um  grande  profeta  apareceu entre  nós  e Deus  veio  visitar  o seu  povo ”. E a notícia  do fato  espalhou-se pela  Judéia inteira  e por  toda  a redondeza ”.
O que  achou do texto , Pablo, indagou Leandro. 
─ Sinceramente , Leandro, o fato  de Jesus levantar  e dar  vida  a um  morto  é estupendo , porém , o que  me  comove é que  tantas outras viúvas também  tiveram seus  filhos  falecidos, por  exemplo , a viúva  Léa, Rosalva, Madalena, Clotilde etc e nada  foi feito  para  que  seus  filhos  voltassem à vida , ou  seja, continuo não  entendendo porque  uns e não  outros  são  beneficiados pelas mãos  de Deus .
─ Mais  uma vez  estamos num dilema  meu  amigo , diz Leandro. 
─ É que  a fé  nos  faz acreditar que todos  que  creem serão  ressuscitados por  Jesus Cristo  ao seu  tempo , todavia , de fato , a fé  não  explica porque  aquela viúva  e não  outras foram beneficiadas pela  misericórdia  de Deus . A misericórdia  é pura  graça  e não  merecimento .
Continua Leandro, 
─ O caminho  do entendimento  puro  não  nos  leva  a crer , daí porque  Santo  Agostinho verberava, “crer  para  compreender ” e não  ao contrário , compreender para  crer . Eu  sei que  é difícil  para  você , Pablo, mas  é assim  o mistério  da fé , todos a recebem no batismo como  virtude  teologal , porém, por algum motivo ela não deita raízes em todos. 
─ Então  o meu batismo foi uma nulidade Leandro ─ retrucou Pablo.  Aliás, disse Pablo,
– Concordo com o filósofo Schopenhauer quando ele dizia que esse nosso mundo é pior do que o inferno. No inferno, você sabe por que sofre. Há um elo entre o que se fez e o que se paga. Mas, neste mundo, não há como saber os motivos do sofrimento recebido. O filme não disse isto, mas penso que Stanislaw também concordaria com Schopenhauer.
Leandro abriu um largo sorriso e disse: 
− Você é impagável, prefiro pensar que Stanislaw acreditava na misericórdia divina. Pediram a conta  e foram desta feita conversar  sobre  os seus  times  no Cartola  FC.

Comentários