Poema esquisito - Adélia Prado
"Poema esquisito" Dói-me a cabeça aos trinta e nove anos. Não é hábito. É rarissimamente que ela dói. Ninguém tem culpa. Meu pai, minha mãe descansaram seus fardos, não existe mais o modo de eles terem seus olhos sobre mim. Mãe, ô mãe, ô pai, meu pai. Onde estão escondidos? É dentro de mim que eles estão. Não fiz mausoléu pra eles, pus os dois no chão. Nasceu lá, porque quis, um pé de saudade roxa, que abunda nos cemitérios. Quem plantou foi o vento, a água da chuva. Quem vai matar é o sol. Passou finados não fui lá, aniversário também não. Pra que, se pra chorar qualquer lugar me cabe? É de tanto lembrá-los que eu não vou. Ôôôô pai Ôôôô mãe Dentro de mim eles respondem tenazes e duros, porque o zelo do espírito é sem meiguices: Ôôôôi fia. "Poesia reunida". In ( Bagagem) . ADÉLIA PRADO
Comentários
Muito legal a foto e muito bom o convívio, com destaque especial para o time... temos que combinar mais vezes! Aproveito para parabenizá-lo pelo excelente trabalho aqui demonstrado e para dizer que você tem mais um seguidor do BLOG!
Forte abraço,
Augusto (Fred)