Eu sou o que consumo
Esta semana a Globo News da Sky está reprisando uma
entrevista de janeiro de 2012, com o sociólogo polonês radicado na Inglaterra,
Zygmunt Bauman, que é uma verdadeira aula sobre a sociedade atual, para muitos
pós-moderna, para Bauman, uma “modernidade líquida” em contraposição a uma
outrora modernidade sólida, onde as coisas eram permanentes.
Bauman ensina que hoje “somos aquilo que compramos, ou
consumimos”, não importa mais “ser alguém”, não buscamos mais a identidade
naquilo que somos como seremos humanos, porque só se é mediante o consumo. Eu sou
aquilo que compro (carro, roupas, celulares, viagens). Segundo ele é uma
verdadeira “orgia consumista”. Daí Zygmunt Bauman falar na fluidez da vida que é
uma modernidade líquida. Nada mais é permanente, nem os bens nem as relações
entre as pessoas, o sólido não conserva mais a forma por muito tempo, tudo se
esvai.
No que tange a internet e as redes sociais Bauman nos fala
sobre um verdadeiro “strip-tease espiritual público”. Já que não podemos todos,
ser vistos na TV como celebridades, pelo menos nas redes sociais temos os
nossos momentos de celebridades entre nossos amigos. Fora da conexão, fora da
internet, diz Bauman, “a vida é um deserto”.
Noutro dizer, a oferta da socialização foi substituída pela
internet. Neste sentido estamos todos 24horas conectados no trabalho e no
lazer, razão porque compramos presentes caros para nossos entes queridos para
suprir nossa ausência pessoal, quanto mais caro os presentes maior o nosso
afeto e melhor mais existimos enquanto sujeitos consomem.
Ao final, lembrei-me da campanha do veículo “Bravo” da Fiat,
que está no ar em vários canais da Sky. Na propaganda um sujeito vai se
tornando a cada dia mais invisível, isso mesmo, invisível, ela vai
desaparecendo (ou se esvaindo no dizer de Bauman) frente às pessoas, até que
ele vai a uma concessionária e compra um “Bravo”. Imediatamente, ele resgata
seu corpo físico. Após, ao ir a uma festa com sua namorada em seu “Bravo”, um
amigo o aborda e diz: − Nossa,
você estava sumido, hein!
É isto aí, consumiu, ficou visível!
Comentários
Obrigado pela leitura!
Abraços,
Rodrigo.