Três perguntas ao Papa Bento XVI - JMJ 2010 - Jornada Mundial da Juventude.
Abaixo seguem três (3) perguntas dirigidas ao Santo Padre, Papa Bento XVI na JMJ 2010 - Jornada Mundial da Juventude.
Fonte: Blog do Centro Cultural e Universitário de Botafogo.
Jovem: Jesus convidou o jovem rico a deixar tudo  e a segui-lo, mas ele foi embora triste. Também eu, como ele, tenho dificuldades  em segui-lo, porque tenho medo de deixar as minhas coisas e, às vezes, a Igreja  me pede renúncias difíceis. Santo Padre, como posso encontrar a força para  escolhas corajosas, e quem pode me ajudar? 
Bento  XVI: Comecemos talvez com essa palavra dura para nós: renúncias. As  renúncias são possíveis e no final se tornam inclusive belas se têm um porquê, e  se esse porquê justifica depois também a dificuldade da renúncia. São Paulo usou  neste contexto a imagem das olimpíadas e dos atletas empenhados com as  olimpíadas. Diz a eles que para se chegar finalmente à medalha, naquele tempo a  coroa, devem viver uma disciplina muito dura, devem renunciar a muitas coisas,  devem realmente exercitar esse esporte que praticam. Fazem grandes sacrifícios e  renúncias porque têm um porquê, vale a pena mesmo que talvez, no final, não  estejam entre os vencedores. Todavia, é algo belo ter disciplinado a si mesmo e  ser capaz de fazer essas coisas com uma certa perfeição. E o mesmo vale com essa  imagem de São Paulo para as olimpíadas, vale também para todos os outros  aspectos da vida. Não posso alcançar uma boa vida profissional sem renúncias,  sem uma preparação adequada, que sempre exige disciplina, exige que devo  renunciar a algo. E assim também na arte, em todos os elementos da vida, nós  compreendemos que para alcançar um objetivo profissional, seja esportivo, seja  artístico, cultural, devemos renunciar, aprender, aprender a arte de viver, de  ser si mesmo. A arte de ser um homem exige renúncias verdadeiras, que nos ajudam  a encontrar a estrada da vida, a arte da vida indicadas na palavra de Deus, e  nos ajudam a não cair, digamos, no abismo da droga, do álcool, da escravidão da  sexualidade, da escravidão do dinheiro, da preguiça. Todas essas ações, em um  primeiro momento, aparecem como ações de liberdade, mas na realidade não são  ações de liberdade, mas o início de uma escravidão que se torna sempre mais  insuperável. E superar essas renúncias à tentação do momento, prosseguir em  direção ao bem, cria a verdadeira liberdade e torna a vida  preciosa.
Jovem: O  Evangelho nos diz que Jesus fixou aquele jovem e o amou. Santo Padre, que  significa ser olhado com amor por Jesus, como podemos também nós fazer esta  experiência hoje? Mas é realmente possível viver esta experiência também nesta  vida de hoje? 
Bento XVI: Não se pode conhecer uma  pessoa do mesmo modo como se estuda matemática, para a matemática a razão é  suficiente, mas para conhecer uma pessoa, sobretudo a grande pessoa, Jesus Deus  homem, a razão também é necessária, mas, ao mesmo tempo, também o coração.  Somente com a abertura do coração unicamente para ele, neste conjunto de  conhecer o que disse, o que fez, com o nosso amor, com o nosso ir em direção a  ele, podemos aos poucos, sempre mais, conhecê-lo e, assim, também fazer a  experiência de ser amados. Portanto, ouvir a palavra de Jesus, ouvi-la na  comunhão da Igreja, na sua grande experiência e responder com a nossa oração,  com o nosso colóquio pessoal com Jesus onde lhe dizemos o que não podemos  entender, as nossas necessidades, as nossas perguntas. Em um verdadeiro colóquio  podemos sempre mais encontrar esta estrada do conhecimento, que se torna amor e,  naturalmente, não somente pensar, não somente rezar, também o fazer é uma parte  do caminho rumo a Jesus, fazer as coisas boas, empenhar-se pelo próximo. Existem  diferentes caminhos, cada um conhece suas possibilidades na paróquia, na  comunidade onde vive, para empenhar-se também com Cristo e pelos outros, pela  vitalidade da Igreja, para que a fé seja realmente força formadora do nosso  ambiente, do nosso tempo.
Jovem: Santo Padre, o jovem do Evangelho pediu a Jesus:  Bom Mestre o que devo fazer para ter a  vida eterna? Eu não sei nem o que é a  vida eterna. Não consigo imaginá-la, mas uma coisa eu sei: não quero jogar fora  a minha vida, quero vivê-la até o fim e não sozinha. Eu tenho medo que isso não  ocorra, eu tenho medo de pensar só em mim mesma, de errar tudo e de me encontrar  sem uma meta, vivendo dia após dia. É possível fazer da minha vida algo de  bonito e de grande?
Bento XVI: Amar Deus supõe  conhecer Deus, reconhecer Deus, e este é o primeiro passo que devemos fazer:  procurar conhecer Deus. Assim sabemos que a minha vida não existe por acaso, não  é um acaso, a minha vida é desejada por Deus, desde a eternidade, eu sou amado,  sou necessário, Deus tem um projeto comigo da totalidade da história, tem um  projeto próprio para mim, a minha vida é importante, ou melhor necessária, e o  amor eterno me criou em profundidade e me espera. Portanto, esse é o primeiro  ponto: conhecer, procurar conhecer Deus, e assim entender que a vida é um Dom  que é viver bem. E depois o essencial é o amor, amar esse Deus que me criou, que  criou este mundo, que governa, em todas as dificuldades do homem, a história e  que me acompanha e amar o próximo. Os dez mandamentos aos quais Jesus na sua  resposta se refere, são somente uma explicação do mandamento do amor, são por  assim dizer regras do amor, indicam a estrada do amor, com esses pontos  essenciais: a família como fundamento da sociedade, a vida a ser respeitada como  dom de Deus, a ordem da sexualidade, da relação entre homem e mulher, a ordem  social e finalmente a verdade. Esses elementos essenciais explicam a estrada do  amor, como realmente amar e encontrar a estrada justa.

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