Série "Os filósofos e Deus" - SARTRE




Iniciamos hoje aqui no blog OBSERVATÓRIO CATÓLICO uma série de publicações intituladas "Os filósofos e Deus". O primeiro nome da série que vamos abordar é SARTRE. Espero que gostem!.

Vamos pensar o hoje o filósofo francês Jean Paul Sartre (1905-1980) que é considerado o filósofo mais ateu do século XX. Foi tão radical e convicto em seu ateísmo que acabou por levar muitos indecisos à fé, afinal, sua experiência de ateísmo é tão exigente que se tornou insurportável para muitos. Diz Peter Kreeft, Professor Filosofia do Boston College -http://www.quadrante.com.br/Pages/servicos02.asp?id=153&categoria=Filosofia&tubcategoria= que os ateus acomodados que leem Sartre tornam-se ateus incomodados, e um ateísmo incômodo é um gigantesco passo rumo a Deus. Digo eu, Graças a Deus!

Sartre é considerado o grande existencialista do século XX, o "existencialismo nada mais é do que os esforço por extrair todas as conseqüências da postura atéia". Algumas idéias do existencialismo: 1. A existência precede a essência, o homem assim não tem essência inata, é pura criação sua, própria, livre, não há o Deus Criador; 2. Para Sartre, se Deus existisse o homem ficaria reduzido à condição de mero artefato divino, por isto ele rechaça esta idéia; 3. Para Sartre liberdade é sempre liberdade de dizer não, aos moldes de que vieram a preconizar os hippies dos anos 60, ou seja, "faça do seu jeito". 4. Segundo ele, Deus não existe, logo o mal não existe de verdade, porque o que há são as nossas escolhas e nossos valores segundo nossas leis.

Para Sartre não se trata tão-somente que Deus não existe, Deus é impossível, porque não é possível uma pessoa perfeita. Sartre admite idéias perfeitas: justiça, verdade, porém, pessoas perfeitas são impossíveis. Zeus era possível no entanto é irreal. Pensar Deus como um absoluto perfeito é algo absurdo à luz do existencialismo.

Ora, as conclusões imediatas extraídas pelo próprio Sartre, das idéias do existencialismo acima lançadas, são inexoráveis. Se Deus é amor e Deus não existe; não existe amor, ou então o amor é ímpóssível. Noutro dizer, todos queremos ser deuses ao mesmo tempo, por conseguinte as relações interpessoais segundo Sartre são marcadas basicamente pela rivalidade. Sendo eu o autor de minha vida reduzo todos os demais a meus coadjuvantes.

Para Sartre o "nós" é uma idéia falsa, porque na verdade estamos todos tentando ser deuses, por isso é óbvio que o único sujeito individual é o "eu" e jamais o "nós". Daí sua famosa frase extraída de sua peça de teatro, "Recinto Fechado", que assim diz: "O inferno são os outros". Está claro querido internauta, por que para Sartre o inferno são os outros?Porque para ele o homem deve querer sempre ser o deus de sua própria vida, de sua única existência, neste sentido o outro é sempre um obstáculo - um inferno - a isto.

Quanta impropriedade! Como bem anota Peter Kreeft, e me diz também minha experiência própria, o inferno é a solidão, a ausência das outras pessoas, o inferno é a solidão absoluta sartreana! O inferno é o egoísmo pessoal que graça em larga escala em nossa sociedade atual. Já o Céu é a comunhão, a Trindade Divina. Deus é amor, Deus é as outras pessoas e nós!

Sem Deus somos livres, disse Sartre. Perguntamos: livres pra que? Sem Deus tudo é permitido, porém, nada tem sentido! Agora, neste finalzinho, lembrei-me de Max Lucado, o grande pregador que diz: "A vida centrada em Deus funciona. E nos resgata de uma vida que não funciona". ("Isto não é para mim". 3ª ed. Rio de Janeiro:CPAD, 2005).

Querido internauta: você vê traços do existencialismo sartreano na sociedade atual?

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