O que é a Verdade?




Vivemos uma época marcada por um profundo relativismo. Tudo depende de um ponto de vista. E como diz Leonardo Boff: todo ponto de vista é a vista de um ponto. Ou seja, é o caos total. Como fica então a Verdade? Será a Verdade apenas um ponto de vista, variante segundo a subjetividade de cada pessoa? Para uns este relativismo em torno da Verdade, é um ganho moral, um aumento da liberdade moral, um processo irreversível de alargamento da liberdade moral, do direito e da capacidade de cada um de deliberar automaticamente sobre sua vida. (Cf. Entre a lei, a moral e a sociedade. Rosiska Darcy de Oliveira. Rio de Janeiro: O GLOBO. 10/04/2005, p. 7).

É verdade que um moralismo exacerbado nos é nocivo, um excesso de dogmatismo nos impede a reflexão livre sobre o nosso "diferente", levando-nos a conclusões preconceituosas sobre o "mau e o perigoso". Inclusive, o respeito à diversidade de religiões, raça e pensamento é garantido na Constituição de vários país, incluído o Brasil, neste sentido a sociedade tornou-se menos hipócrita. Agora pregar o "tudo é relativo" é o outro extremo da moeda. Saímos do "tudo é moralmente rejeitado" para o "tudo é relativo", dependendo do ponto de vista de cada um. Como ensina Tânia Zagury: "O relativismo é positivo, o relativismo absoluto, não. É maravilhoso viver numa sociedade múltipla. No entanto, se essa postura progressista levar à idéia de que "tudo é válido", regrediremos socialmente." (Cf. Peripécias do relativismo. Rio de Janeiro: O GLOBO. 02/05/2003, p. 7).

Dostoievski já nos avisara: "Se Deus não existe, então tudo é permitido!". Onde estará a Verdade na sociedade atual? Em outros tempos, toda sociedade se organizava ao redor da igreja. A igreja estava no centro da cidade. Tanto no sentido físico onde a igreja estava situada na praça principal, como no sentido figurativo, pois a presença da igreja era sentida na escola, nas fábricas, nos palanques e inclusive, nas festividades públicas. (Cf. Pe. Antônio Sagrado Bogaz. Eucaristia: Fonte de Missão. Jornal da Catedral de Petrópolis. Outubro/novembro 2007, p. 3). Hoje em dia, muitos tentam incutir na sociedade que a vivência religiosa é de cunho privado, noutro dizer, é uma vivência que não se deve materializar no campo público, afinal cada um tem um ponto de vista religioso, por isso a religiosidade deve se restringir ao âmbito privado, a esfera íntima de cada um, mais um exagero do relativismo atual. Querem excluir a religiosidade dos debates das grandes questões, é o que os teólogos atuais chamam: ditadura do laicismo! O laicismo é um movimento intelectual e social que sob a premissa verdadeira de que o Estado é laico, extrai uma conclusão falsa, qual seja, religião não é assunto a ser levado em conta pela sociedade, a não ser no seio de sua própria igreja. Querem colocar os cristãos em guetos!

Porém, a pergunta insiste: o que é a verdade? No Evangelho de João, Tomé pergunta a Jesus: - "Senhor, nós não sabemos aonde é que o senhor vai. Como podemos saber o caminho?" Jesus respondeu: - "Eu sou o caminho, a verdade e a vida"; ninguém pode chegar até o Pai a não ser por mim." (JO, 14. 6,7). Eis aí a grande resposta: Jesus Cristo é a Verdade! Mais adiante, ainda no Evangelho de João, próximo a assumir seu calvário, Jesus é levado a Pilatos, que o indaga: - "Então você é rei?" Jesus responde: - "É o senhor que está dizendo que eu sou rei. Foi para falar da verdade que eu nasci e vim ao mundo. Quem está ao lado da verdade ouve a minha voz." Pilatos então faz outra pergunta: - "O que é a verdade?" (JO 18. 37,38). Jesus já não mais responde, Pilatos já sabia que a Verdade é Jesus, no entanto, seu destino já estava traçado, ser crucificado.

Meu caro leitor e leitora, podemos negar a Verdade, podemos fingir que não conhecemos a Verdade, podemos por conveniência, dizer que a Verdade depende de nosso ponto de vista, todavia, tudo isto é fuga, subterfúgio para não encararmos a Verdade, a Verdade que Jesus é o "Caminho, a Verdade e Vida". Fora de seus ensinamentos pregados ainda em vida, não há Verdade, não há caminho, não há dignidade, não há honra, não há felicidade, não há paz, não há descanso; o que há é relativismo, dúvida, infelicidade, arrogância, desrespeito à vida e tudo o mais que só ajuda a nos tornar cada dia mais céticos e violentos.

Diante deste conhecimento da Verdade, o cristão fiel a sua religião, sabe que mesmo na condição de leigo, ainda que contra a corrente dominante, não pode deixar de afirmar: Peraí, alto lá, chega de relativismo, do chamado "depende do ponto de vista" etc, há Verdade sim, a Verdade é Jesus o verbo encarnado!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Poema esquisito - Adélia Prado

O homem em oração - Bento XVI