Pedofilia e Igreja

Muito se tem ouvido e lido nestas últimas semanas, na internet, jornais impressos, rádio e TV, sobre a questão da pedofilia, máxime no seio da Igreja Católica Apostólica Romana. A verdade é sabida não estou aqui para negá-la, mas tão-somente para enquadrá-la em proporções reais, na sua dimensão e significado.

É certo que setores da mídia definiram os abusos como se tratasse de uma “pedofilia endêmica” na Igreja. Todavia, como bem anota Carlos Alberto Di Franco, “O exame sereno mostraria, acima de qualquer dúvida, que número de delitos ocorridos é muito menor entre padres católicos do que em qualquer outra comunidade.” (“A crise no jornalismo”, O GLOBO, 03/05/2010, p. 7).

Veja bem caro internauta, o sociólogo italiano Massimo Introvigne esclarece que em várias décadas, cem sacerdotes foram denunciados na Itália, enquanto na profissão dos professores, no mesmo período, seis mil sofreram condenação por prática de pedofilia. na Alemanha, desde 1995, existiram duzentas e dez mil denúncias de abuso sexual, dessas 210 mil, 300 estavam ligadas ao clero, ou seja, menos de 0,2%, portanto.

Depois, quando o arcebispo de Porto Alegre, Dadeus Grings fala num contexto que a “sociedade atual é pedófila”, a grita é geral! A Igreja endoideceu! Ora , saibamos entender o que quis dizer o arcebispo. A verdade é que a abominável pedofilia é uma doença que vem se espraiando de forma absurda pela sociedade, e a Igreja como tal também foi acometida por esta doença.

Rejeito também esta observação de Luiz Garcia do GLOBO, “... talvez esteja na hora da Igreja começar a discutir um assunto tabu: não existirá alguma relação de causa e efeito no fato de que a pedofilia seja um problema tão grave na Igreja Católica e aparentemente não exista – certamente não com a mesma gravidade – nas outras igrejas cristãs? Nas quais pastores e ministros não são forçados ao celibato?” (“Celibato e pedofilia, O GLOBO, 04/05/2010, p. 7).

Penso que não. O celibato não tem nada a ver com pedofilia. Ora, será que o problema tem a ver com celibatários. Evidente, que não. O problema é humano e, sobretudo do homem. Como diz o Cardeal Dom Odilo Scherer, “E ficaria bem jogar nos braços da mulher um homem com taras desenfreadas, que também para os casados fazem desonra? Mulher nenhuma merece isso! E ninguém creia que essa seja um problema somente de padres. A maioria absoluta dos abusos sexuais de criança acontece debaixo do teto familiar e no círculo de parentesco. O problema é bem mais amplo”.

Tenho a convicção que a Igreja Católica fará deste triste episódio um meio de purificação interna e melhor qualificação e formação de seu clero. A Igreja Católica também é o local de onde emana e emanarão grandes santos, como D. Luciano Mendes de Almeida, Drª Zilda Arns, Madre Teresa de Calcutá e tantos outros.

A Igreja Católica é santa pelo Santo que a habita (Jesus Cristo), e pecadora em cada um de seus membros. Eis a revelação de seu lado mais frágil. Também é certo que a Igreja traz em si um tesouro em vasos de barro, e que está mais do que nunca consciente de que apesar do barro, o tesouro é precioso e quer compartilhá-lo com toda a humanidade, esta é a sua fraqueza e a sua grandeza – é o que nos ensina Dom Odilo Scherer.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Poema esquisito - Adélia Prado

O homem em oração - Bento XVI