Dúvida e Fé - Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI)

O livro "Introdução ao Cristianismo" foi escrito no final da década de 60 por Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, é considerado uma pérola teológica. Destacamos deste arrojado e instigante livro, o texto em que o Papa trata da questão da "Dúvida e no mundo de hoje", para fazer alguns breves comentários.

O Papa reconhece que em certas oportunidades, quem tenta anunciar a no meio de pessoas envolvidas com a vida e o pensamento de hoje, é visto como alguém se levantou de um sarcófago antigo, apresentando-se ao mundo de hoje nos trajes e com pensamento da Antigüidade, incapaz de compreender este mundo nem de ser compreendido por ele (p.32). 

A bem da verdade, nem o fiel, o crente, está livre de dúvidas seja no passado ou na atualidade, o fiel também está sufocado pela água salgada da dúvida que o oceano não pára de lançar em sua boca. O incrédulo também nutre dúvida a respeito de sua incredulidade, será sempre ameaçado pela pergunta: será que a verdadeira realidade não está na e no que ela proclama? (p.35).

A dúvida, as incertezas da e da incredulidade fazem parte do dilema da existência humana esclarece o Papa Bento XVI. "Quem quiser fugir das incertezas da terá de suportar as incertezas da ausência de e nunca poderá dizer com certeza definitiva que a não é a verdade".(p. 36).

Tanto o fiel, o crente, quanto o ateu, o incrédulo, participam, cada um à sua maneira, da dúvida e da , desde que não se escondam de si mesmos e da verdade de seu ser. Nenhum consegue fugir totalmente da dúvida, nem da ; para um, a marca presença contra dúvida, para o outro, a está presente pela dúvida e na forma da dúvida, ou seja, não creio porque duvido, neste duvido está inclusa a negada. (p. 36).

O homem de entende que a realidade não é tão-somente aquilo que ele toca e , porque ele está a procura de uma segunda forma de acesso à realidade, e essa forma se chama . Dizer "creio" é uma opção fundamental do ser humano diante de sua existência e de sua forma de relacionar com o mundo. É a opção de não considerar irreal o que não se pode ver e o que de modo algum pode ser colocado no campo visual, crendo que justamente aquilo que não é visível representa a verdadeira realidade que sustenta e possibilita a realidade restante. Como bem ensina o Papa Bento XVI, "desde sempre, a teve uma conotação de ruptura e salto arriscado, porque representa, em qualquer época, o risco de aceitar como verdadeira realidade e fundamento aquilo que é invisível por natureza". (p. 40).

Como diz o Pe. J. B. Libanio, na 4ª capa do livro, o texto do Papa Bento XVI, escrito enquanto ainda Ratzinger, deixa latente que no fundo de todo cristão dorme um ateu que a qualquer momento pode acordar e fazer perguntas fatais a quem nunca pensou com profundidade sua . Lado outro, no coração do ateu se escondem sementes que leituras como estas podem conter o calor suficiente para fazer germiná-las.

Caro leitor e leitora, o imperdível livro do Papa Bento XVI nos mostra que a é dom, mas feita a um ser racional que pede um mínimo de inteligência de quem crê. O Papa é um escritor corajoso que não teme o confronto com o pensamento moderno e secularista, este livro abre clareiras para nossa caminhada na , fortalecendo-nos em direção ao Deus "invisível", que se materializa na decisão única e pessoal de dizer; EU CREIO! Lembremos do Papa João Paulo II, predecessor de Bento XVI, NÃO TENHAM MEDO!

Por fim, caro amigo e amiga leitora, lembre sempre da palavras do Papa Bento XVI, em seu último discurso no Brasil, o que abriu a V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe em maio de 2007. Disse ele: o que é realidade? O que é o real? São realidade os bens materiais, os problemas sociais, econômicos e políticos? Ele mesmo responde: este é precisamente o grande erro das tendências dominantes no último século, erro destrutivo, como demonstram os resultados tanto dos sistemas marxistas como dos capitalistas. Falsificam o conceito de realidade com a amputação da realidade fundadora, e por isso decisiva, que é Deus. Quem exclui Deus do seu horizonte distorce o conceito de realidade, e, em conseqüência, pode terminar em caminhos equivocados e em receitas destrutivas. (Cf. Luiz Paulo Horta. O Cristo nas raízes da cultura latino-americana. O GLOBO. 14/05/2007. p.6). Lindo não! Que a paz esteja com vocês!

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