CTI liberado!

Era o que ouvíamos toda noite, pronunciado pela voz de zeloso filho de uma pessoa internada: “CTI liberado!”, era a senha para que levantássemos em busca dos crachás para visita. O ritual se repetia toda noite, aguardava-se a liberação da visita por quase quarenta minutos, os rostos apreensivos iam se sucedendo, e as amizades divididas pelo sofrimento se consolidavam aos poucos, lentamente, como a recuperação dos internados. Quase todo dia ele estava lá em visita a sua mãe, que já estava há mais de sessenta dias na UTI (digo eu), ele não dizia UTI, mas sim CTI. Simpático, conversava com todos na espera, e sempre desejava melhoras aos familiares. Apenas uma noite não o encontrei na recepção, e sinceramente, senti falta de seu brado corajoso: “CTI liberado!”. Não querido leitor, não era necessário que ele assim o fizesse, a própria funcionária do hospital comunicava o momento exato da liberação, porém, ele como já tinha também amizade com a recepcionista, detinha o pri...