Areal dos primeiros anos



Areal vinha de uma vitoriosa campanha de emancipação, mais de noventa por cento da população votou por sua emancipação. Durante o movimento de emancipação já era nítido o desenho de grupos políticos dentro do próprio conjunto emancipacionista. O grupo de força política capitaneada pelo inesquecível Lilinho, e administrado por Zoca (articulador político por essência), logrou vencer o primeiro pleito arealense.

Na campanha, Areal estava bem dividido, de um lado, um grupo mais ou menos homogêneo de pessoas que sempre comandou (e bem!) os destinos do então distrito de Três Rios, e de outro, o time de Lilinho F.C, todos eram mais Lilinho do que qualquer outra coisa, era uma paixão quase que clubística. No entanto, eram neófitos na política. Não com pouca dificuldade o movimento político “o povo no governo” venceu a eleição, e de certa forma o primeiro governo de Areal não contou (em sua maioria) com a presença daqueles que sempre decidiram os destinos do local. Bom ou ruim? O tempo dirá...

Antes mesmo da posse em janeiro de 1993, o grupo de transição já estava a trabalhar, um parêntese, a emancipação só foi possível dentre outras coisas, pela posição favorável do então prefeito de Três Rios, José Francisco Sobrinho (Sr. Zezinho) e de alguns de seus secretários, a se destacar, Clóvis Francisco Leal (secretário de fazenda) e Oswaldo Braz Rinaldi (secretário de administração). Com estes dois secretários foram feitas diversas reuniões antes da posse de Lilinho, de maneira que as referidas contribuições foram decisivas para instalação do novo município de Areal.

Ainda é lembrança forte as dificuldades colocadas pelo então Secretário de Saúde de Três Rios, Dr. Argemiro Pessoa, para desvencilhar os bens do Hospital Nossa Senhora das Dores. Ele defendia a tese de que Três Rios deveria ser indenizado, o que jamais ocorreu. Na verdade, o governo de Três Rios acabou por ajudar muito Areal neste já longínquo ano de 1992, e, sobretudo no início de 1993 quando o município foi instalado.

Lilinho era um político amado pelo povo, no entanto, com dificuldade no relacionamento com a Câmara Municipal, seu governo sempre teve dificuldades na aprovação de matérias no legislativo arealense, a prova de que nem sempre a popularidade do governante repercute na Casa de Leis, haja vista, o próprio presidente Collor que eleito maciçamente foi cassado pelo Congresso Nacional.

Favorável a Areal era a inexperiência de todos. No início sequer havia móveis para composição das salas então alugadas da A.A.A. Nestes primeiros anos Areal contou com a compreensão didática e pedagógica do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro-TCE.

Hoje em dia, os tempos são outros, o TCE-RJ não releva mais nada, a Lei de Responsabilidade Fiscal que é de 2001 amarrou as duas mãos dos gestores da coisa pública, e o Ministério Público, que então era distante, passou a intervir quase que diariamente na gestão da cidade. Hoje, tudo é mais complexo, e o limite de liberdade do gestor é quase que imperceptível quão pequeno o é. Governar hoje é administrar possibilidades em meio a impossibilidades.

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